Dr. Evando Góis
Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
Superando desafios, redefinindo limites e alcançando o retorno ao alto desempenho

O Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é uma estrutura essencial que proporciona estabilidade ao joelho, protegendo-o de movimentos excessivos e desalinhamentos. Localizado no centro da articulação, o LCA cruza o ligamento cruzado posterior (LCP), formando um padrão entrecruzado que conecta o fêmur à tíbia. Essa configuração impede que a tíbia deslize para frente do fêmur, ao mesmo tempo que controla a estabilidade rotacional, crucial para suportar as exigências diárias e esportivas.

O LCA desempenha um papel fundamental em atividades de alto impacto, como saltos, aterrissagens, mudanças rápidas de direção e desacelerações bruscas. Nessas situações, ele age como um estabilizador, absorvendo as forças aplicadas sobre o joelho e evitando que a articulação seja comprometida.
Lesões no LCA ocorrem frequentemente durante esportes que envolvem movimentos rápidos e intensos, como futebol, ginástica, basquete e esqui. Cerca de 70% a 80% dessas lesões acontecem sem contato direto, sendo resultado de torções do joelho. O mecanismo mais comum de ruptura do LCA envolve um movimento de valgo, em que o joelho é forçado para dentro enquanto o fêmur gira sobre a tíbia. Esse tipo de lesão geralmente ocorre em movimentos de corte ou giros bruscos, quando o pé está fixo no chão e o corpo muda de direção rapidamente.
Entendendo a estrutura do joelho
O joelho é uma das articulações mais importantes do corpo humano, formado por 3 ossos principais, 2 meniscos, 4 ligamentos cruciais e diversas estruturas de suporte, como tendões e cartilagem. Essa articulação funciona como uma verdadeira engrenagem, permitindo movimentos de flexão, extensão e até pequenas rotações, essenciais para atividades simples, como caminhar, e complexas, como saltar ou correr.
Quando em desenvolvimento, como ocorre na infância e adolescência, o joelho passa por fases de adaptação e crescimento. Nessas etapas, a estrutura está mais suscetível a lesões, já que ossos, músculos e tendões nem sempre amadurecem no mesmo ritmo.
Por isso, entender sua anatomia e fisiologia é essencial para cuidar da saúde articular e prevenir problemas futuros.

Essa articulação é considerada uma das mais complexas e fundamentais para o movimento humano. Ela conecta o fêmur (o maior osso do corpo), a tíbia (o osso da perna que suporta o peso corporal) e a patela (o pequeno osso em formato de escudo que protege o joelho). Juntos, esses ossos formam o “eixo” que permite movimentação e estabilidade.
Os meniscos – pequenas estruturas em formato de meia-lua – atuam como amortecedores, protegendo o joelho contra impactos repetitivos. Já os ligamentos, como o famoso Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e o Ligamento Cruzado Posterior (LCP), funcionam como cabos de segurança, mantendo os ossos no lugar durante movimentos mais intensos, como mudanças de direção ou aterrissagens.
Diferentemente de outras articulações do corpo, o joelho combina força e mobilidade. Ele suporta até 5 vezes o peso do corpo em atividades de impacto, como corrida ou saltos, enquanto permite movimentos fluidos e precisos.
Causas e Fatores de Risco da Lesão no LCA
A lesão no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) está profundamente ligada à estrutura e biomecânica do joelho, uma das articulações mais complexas e exigidas do corpo humano. Composto por ossos, ligamentos, cartilagem e meniscos, o joelho é uma engrenagem projetada para suportar cargas intensas e realizar movimentos variados. No entanto, quando submetido a esforços excessivos ou desalinhados, essa estrutura pode falhar, resultando em uma ruptura do LCA.
O LCA conecta a tíbia ao fêmur, estabilizando a articulação e controlando movimentos de rotação e deslocamento anterior da tíbia. Durante atividades esportivas intensas – como mudanças bruscas de direção, saltos ou desacelerações rápidas – a força exercida sobre o joelho pode ultrapassar a capacidade de resistência do LCA, levando à ruptura. A relação entre o LCA e outras estruturas, como os meniscos, é crucial: uma lesão no ligamento frequentemente resulta em danos associados aos meniscos e à cartilagem, agravando a instabilidade e o desgaste articular.
Movimentos de alto impacto
Mudanças rápidas de direção e desacelerações colocam o LCA sob intenso estresse, principalmente em esportes como futebol, basquete e ginástica.
Aterrissagens Desalinhadas
Saltos mal executados, em que os joelhos se inclinam para dentro (valgo dinâmico), são uma causa comum.
Impactos Diretos
Colisões em esportes de contato podem forçar o joelho além de sua amplitude segura.
Fatores Biomecânicos
Mulheres têm maior predisposição a lesões no LCA devido ao maior ângulo Q (o alinhamento entre quadril e joelho), anatomia pélvica, e a influência hormonal que reduz a estabilidade ligamentar.
Sintomas Comuns Identificando a Lesão no LCA
Após a resolução do quadro inicial (dor e inchaço), é comum sentir que o joelho “falha” ou não consegue sustentar movimentos simples, como caminhar ou girar o corpo.

Limitação de Movimento: A amplitude de movimento do joelho é reduzida, tornando difícil ou doloroso dobrar e esticar completamente a articulação.

Inchaço Rápido: O joelho aumenta de volume nas primeiras horas após a lesão devido ao acúmulo de líquido na articulação, reflexo de uma reação inflamatória aguda.

Estalo e Sensação de Ruptura: No momento do trauma, muitas pessoas relatam um estalo audível e a sensação de que algo “rasgou” dentro do joelho. Esse é um dos primeiros sinais de que o LCA pode ter sido comprometido.

Dor Súbita e Incapacitante: A dor é intensa e imediata, dificultando ou até impossibilitando que o indivíduo suporte peso na perna afetada.

Instabilidade Articular: Após a lesão, é comum sentir que o joelho “falha” ou não consegue sustentar movimentos simples, como caminhar ou girar o corpo.
Diagnóstico
O diagnóstico preciso de uma lesão no LCA envolve uma combinação de avaliação clínica e exames de imagem.
Avaliação Clínica: Durante o exame físico, o ortopedista utiliza manobras específicas para identificar a instabilidade causada pela lesão. As principais são:
• Teste de Lachmann: Com o joelho em flexão de 20-30 graus, o médico avalia o movimento da tíbia em relação ao fêmur. O deslocamento anormal sugere frouxidão ligamentar.
• Teste da Gaveta: Realizado com o joelho flexionado a 90 graus, esse teste verifica a mobilidade excessiva da tíbia em relação ao fêmur, simulando o movimento de uma gaveta.
• Teste do Pivot: Avalia a estabilidade rotacional do joelho. Um ressalto perceptível durante o movimento indica frouxidão ligamentar.
• Ressonância Magnética: Essencial para confirmar o diagnóstico e avaliar danos associados, como lesões no menisco ou cartilagem.
• Radiografia: Ajuda a identificar possíveis fraturas ou avulsões ósseas relacionadas ao trauma.
Por que o diagnóstico precoce é importante?
A identificação e o manejo precoce da lesão no LCA são cruciais para minimizar o risco de complicações, como lesões meniscais, lesões de cartilagem, desgaste articular, instabilidade crônica e desenvolvimento de artrose no futuro. Além disso, um tratamento adequado e individualizado permite que o paciente recupere a mobilidade e retorne às suas atividades com segurança.
Tratamento Restaurando a função e estabilidade do joelho
As lesões no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) demandam uma abordagem cuidadosa e personalizada, considerando fatores como a gravidade da lesão, idade, nível de atividade e objetivos do paciente. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, cada qual com seu papel no restabelecimento da função articular.

Abordagem Conservadora
Tratamentos
Quando é uma opção?
O tratamento não cirúrgico é indicado em casos de lesões parciais, em pacientes que não possuam lesões associadas como em meniscos e cartilagens. O objetivo é fortalecer a capacidade estabilizadora dinâmica do joelho, reduzindo o risco de episódios de “falseio”.

Fisioterapia Especializada: Fortalecimento muscular dos quadríceps, isquiotibiais e glúteos, com foco na estabilização articular. Exercícios proprioceptivos são essenciais para melhorar o controle neuromuscular.

Controle da Dor e Inflamação: Anti-inflamatórios, compressas de gelo e repouso ajudam a minimizar o inchaço e a dor.

Uso de Órteses: Oferecem suporte adicional à articulação e previnem movimentos que possam agravar a instabilidade.

Modificação de Atividades: Troca temporária para esportes cíclicos, como natação ou ciclismo, reduz a carga sobre o joelho e ajuda na manutenção do condicionamento físico.
Cirurgia de Reconstrução do LCA
Tratamentos

Preservação das Placas de Crescimento: Em crianças e adolescentes, técnicas específicas evitam danos ao desenvolvimento ósseo.

Uso de Enxertos: O ligamento é substituído por tendões, frequentemente retirados do próprio paciente (como o tendão patelar ou semitendinoso), garantindo biocompatibilidade.

Artroscopia Minimamente Invasiva: Utiliza pequenas incisões e câmeras para guiar o procedimento, reduzindo o trauma cirúrgico e acelerando a recuperação.
A opção definitiva
Para lesões completas, especialmente em pacientes jovens, atletas ou indivíduos com alta demanda funcional, a cirurgia é a escolha preferida. No caso de crianças e adolescentes, é fundamental considerar que a técnica cirúrgica para a reconstrução do Ligamento Cruzado Anterior é diferente da usada em adultos.
As cartilagens de crescimento podem ser lesionadas nas técnicas convencionais, por isso é essencial identificar o quanto de crescimento ainda resta para indicar a abordagem mais adequada à idade do paciente.
A reconstrução do LCA visa restaurar a estabilidade articular, prevenir danos secundários (como lesões meniscais e degeneração precoce da cartilagem articular) e permitir o retorno seguro às atividades.
Reabilitação Pós-Cirúrgica: O Caminho para a Recuperação
A reabilitação vai depender da técnica utilizada na reconstrução do LCA, sendo dividida em fases para recuperar progressivamente a força, a mobilidade e a estabilidade do joelho.
Fase
01
Fase Inicial (1ª a 2ª semana):
Reduzir a inflamação e o edema com compressão, elevação e gelo. Exercícios de mobilidade e fortalecimento inicial do quadríceps são introduzidos.
Fase
02
Fase Intermediária (3ª a 8ª semana):
Aumento gradual da amplitude de
movimento, fortalecimento muscular e início de exercícios de equilíbrio e propriocepção. Atividades como caminhada funcional e ciclismo leve são liberadas.
Fase
03
Fase Avançada (2º a 6º mês):
Recuperação total da mobilidade e força. Treinos mais intensos, incluindo natação e corrida leve, são realizados para fortalecer a musculatura e preparar o joelho para atividades complexas.
Fase
04
Fase de Transição (6º a 9º mês):
Envolve o treinamento do gesto esportivo (como chutes ou dribles no futebol), preparando o paciente para um retorno seguro ao esporte.
Retorno ao esporte: Um processo gradual
O retorno às atividades esportivas deve ser acompanhado de perto por uma equipe multidisciplinar. A transição ocorre apenas quando o paciente atinge força muscular adequada, equilíbrio proprioceptivo e confiança na articulação.
A escolha do tratamento ideal – conservador ou cirúrgico – depende de uma análise detalhada do caso. Mesmo após a recuperação, é importante manter hábitos saudáveis, fortalecer a musculatura e seguir orientações preventivas para evitar novas lesões.
Com um planejamento adequado e acompanhamento especializado, é possível restaurar a função do joelho e garantir qualidade de vida a longo prazo.
Prevenção:
Como Proteger o LCA?
Prevenir lesões no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é fundamental para atletas e praticantes de esportes, especialmente os que envolvem movimentos intensos e mudanças rápidas de direção. Estratégias de prevenção focam no fortalecimento muscular, técnicas de movimento e preparo físico adequado.

Treinamento Muscular e Neuromuscular: O fortalecimento do quadríceps, isquiotibiais e glúteos ajuda a estabilizar o joelho. Programas como o FIFA 11+ combinam exercícios de força e propriocepção para melhorar o controle neuromuscular e reduzir o risco de lesões em esportes como futebol.

Técnicas de Aterrissagem e Movimentação: Ensinar atletas, especialmente jovens, a pular e aterrissar com alinhamento correto e evitar movimentos em valgo (joelho para dentro) pode prevenir sobrecargas desnecessárias no joelho.

Aquecimento e Alongamento Dinâmico: Preparar os músculos e articulações antes de atividades intensas melhora a flexibilidade, a resistência e a coordenação, reduzindo o risco de traumas.

Treinamento de Equilíbrio e Estabilidade: Exercícios com bolas de equilíbrio, plataformas instáveis e outros acessórios aprimoram a estabilidade articular e a capacidade de reagir a movimentos inesperados.
Impacto Físico e Emocional em jovens atletas
Lesões no LCA vão além do desafio físico, impactando profundamente o bem-estar psicológico, especialmente em jovens atletas. Para muitos, o afastamento do esporte representa
frustração, ansiedade e medo de não recuperar a performance anterior. A inclusão de suporte emocional no processo de reabilitação ajuda a manter a motivação e a autoconfiança, preparando o atleta para um retorno saudável.
Exemplos Inspiradores:
Atletas que superaram lesões no LCA
A lesão no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é uma das mais temidas no esporte, mas muitos atletas provaram que, com tratamento adequado e determinação, é possível superar esse desafio e voltar ao mais alto nível de desempenho.
Um dos maiores jogadores de futebol da história, Ronaldo enfrentou sérias lesões no joelho, incluindo ruptura do LCA. Após cirurgias e uma reabilitação rigorosa, ele retornou aos gramados e conquistou a Copa do Mundo de 2002, sendo o artilheiro do torneio.
A ginasta brasileira enfrentou três rupturas do Ligamento Cruzado Anterior no joelho direito ao longo de sua carreira. Apesar disso, Rebeca se destacou nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, conquistando ouro no solo e prata no individual geral. Em Paris 2024, reafirmou sua posição de destaque com quatro medalhas: um ouro, duas pratas e um bronze.
O atacante brasileiro lesionou o LCA no início de sua carreira na Europa. Com acompanhamento especializado e dedicação ao processo de recuperação, ele voltou a atm alto nível, tornando-se um dos principais nomes do futebol internacional.
O craque brasileiro recentemente sofreu uma ruptura no Ligamento Cruzado Anterior (LCA) e uma lesão no menisco do joelho esquerdo durante uma partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo contra o Uruguai. Neymar passou por uma cirurgia e está em processo de reabilitação, com foco em retornar aos gramados em plena forma.
As histórias de recuperação após lesões no LCA revelam que, com um tratamento adequado, apoio emocional e determinação, é possível não apenas retornar às atividades, mas alcançar novos patamares de sucesso. Para jovens em desenvolvimento, as chances de recuperação são ainda mais promissoras, graças à capacidade regenerativa do corpo nessa fase. Essas jornadas inspiram e reforçam que, com dedicação e suporte, qualquer desafio pode ser transformado em uma oportunidade de crescimento e conquistas.
Por que escolher meu atendimento?
Cuidado individualizado:
Cada paciente que atendo é único. Desenvolvo planos de tratamento personalizados, sempre alinhados às suas necessidades, para garantir uma recuperação eficiente, segura e humanizada.
Acompanhamento completo:
Estarei ao seu lado em todas as etapas – desde o diagnóstico preciso até a recuperação total. Meu compromisso é garantir que você receba suporte contínuo e orientações claras durante todo o processo.

Técnicas minimamente Invasivas:
Utilizo abordagens cirúrgicas precisas, como a artroscopia, para tratar lesões complexas de forma mais precisa, reduzindo dores, cicatrizes e tempo de recuperação.
Especialização em técnicas avançadas:
Com experiência em procedimentos modernos, ofereço tratamentos que priorizam resultados eficazes e menos invasivos, proporcionando menor tempo de recuperação e mais conforto ao paciente.
